Yvonne P. Mascarenhas
yvonne@ifsc.usp.br
Foto: Wikipedia
A classe dos trabalhadores domésticos no Brasil enfrentou grandes dificuldades para a conquista e efetivo usufruto dos direitos trabalhistas. Isso se deve, em grande parte, à histórica condição de dependência civil, econômica, cultural e social das mulheres na sociedade brasileira, além do longo tempo de desvalorização desse tipo de trabalho. Tal desconsideração é, em grande parte, fruto da tardia abolição da escravidão no Brasil e da situação de subordinação das mulheres, por muitos anos, na legislação vigente de nosso país. Foi nesse contexto de opressão que Laudelina de Campos Melo dedicou sua vida à luta pelos direitos dessa classe trabalhadora.
Laudelina de Campos Melo, uma figura notável na história das conquistas civis no Brasil, nasceu em Poços de Caldas, Minas Gerais, em 12 de outubro de 1904, sendo filha de escravos libertados pela Lei do Ventre Livre, enfrentou desafios desde muito jovem. Aos 12 anos, após perder o pai, precisou abandonar os estudos para cuidar dos cinco irmãos mais novos, para que sua mãe pudesse trabalhar e sustentar a família. Durante a adolescência, ela também ajudava a mãe na produção e venda de doces caseiros, o que contribuía para a melhoria das condições econômicas familiares.
Essa trajetória, marcada pela resiliência, moldou seu compromisso com a luta por direitos e condições melhores para trabalhadores, especialmente mulheres negras. Mais tarde, Laudelina se tornaria uma liderança no movimento sindical das trabalhadoras domésticas no Brasil, dedicando sua vida à busca de igualdade e justiça social.
Em 1918 resolveu mudar-se para São Paulo e aos dezoito anos casou-se com Geremias Henrique Campos Melo. Teve seu primeiro filho em Santos, para onde se mudou em 1924. A partir daí, ela volta a morar em São Paulo e intensifica suas atividades políticas em movimentos populares, filia-se ao Partido Comunista Brasileiro e funda em 1936 a primeira Associação de Trabalhadores Domésticos do país, fechada em 1942 durante o Estado Novo, ditadura instaurada no Brasil por Getúlio Vargas em 10 de novembro de 1937, mas voltando a funcionar em 1946 quando esse regime foi extinto. Laudelina também atuou na fundação da Frente Negra Brasileira em 1931, que se tornou no maior movimento negro do Brasil com cerca de 30.000 afiliados na década de 1930.
Em 1938 Laudelina se separa de seu marido e fica com seus dois filhos.
Em 1951, Laudelina de Campos Melo, já uma conhecida ativista pelos direitos das trabalhadoras domésticas no Brasil, muda-se para Campinas, São Paulo. Na época, muitas famílias da cidade preferiam contratar empregadas domésticas brancas, especificando essa preferência abertamente em anúncios publicados no jornal Correio Popular. Revoltada com o racismo explícito dessas publicações, Laudelina protestou publicamente contra o jornal por permitir e veicular tais anúncios preconceituosos.
Reconhecendo a gravidade do racismo histórico contra a comunidade negra em Campinas, Laudelina de Campos Melo se uniu ao Movimento Negro de Campinas, uma organização que buscava elevar a autoestima e fortalecer a identidade da população negra na região. Para isso, o movimento promovia diversas atividades culturais e educativas, como apresentações de peças teatrais, palestras e festas.
As atividades de Laudelina de Campos Melo ganharam ainda mais força em 1961, quando ela fundou uma nova Associação Beneficente das Empregadas Domésticas, com o apoio do Sindicato da Construção Civil de Campinas, que ofereceu suas instalações para abrigar a associação. Esse foi um passo importante na organização das trabalhadoras domésticas, possibilitando a criação de uma rede de apoio e luta por direitos.
Em 1962, devido ao seu engajamento e liderança, Laudelina foi convidada a participar da organização de sindicatos da categoria em outros estados brasileiros. Ela também engajou-se ativamente em movimentos antirracistas e feministas, ampliando seu alcance e promovendo a luta por igualdade e direitos em várias frentes.
As atividades de Laudelina de Campos Melo ganharam ainda mais força em 1961, quando ela fundou uma nova Associação Beneficente das Empregadas Domésticas, com o apoio do Sindicato da Construção Civil de Campinas, que ofereceu suas instalações para abrigar a associação. Esse foi um passo importante na organização das trabalhadoras domésticas, possibilitando a criação de uma rede de apoio e luta por direitos.
Em 1962, devido ao seu engajamento e liderança, Laudelina foi convidada a participar da organização de sindicatos da categoria em outros estados brasileiros. Ela também engajou-se ativamente em movimentos antirracistas e feministas, ampliando seu alcance e promovendo a luta por igualdade e direitos em várias frentes.
As atividades de Laudelina de Campos Melo ganharam ainda mais força em 1961, quando ela fundou uma nova Associação Beneficente das Empregadas Domésticas, com o apoio do Sindicato da Construção Civil de Campinas, que ofereceu suas instalações para abrigar a associação. Esse foi um passo importante na organização das trabalhadoras domésticas, possibilitando a criação de uma rede de apoio e luta por direitos.
Em 1962, devido ao seu engajamento e liderança, Laudelina foi convidada a participar da organização de sindicatos da categoria em outros estados brasileiros. Ela também engajou-se ativamente em movimentos antirracistas e feministas, ampliando seu alcance e promovendo a luta por igualdade e direitos em várias frentes.
A luta incansável de Laudelina foi crucial na década de 1970, quando os trabalhadores domésticos conquistaram o direito à Carteira de Trabalho e à Previdência Social, um avanço histórico que beneficiou mais de cinco milhões de trabalhadores da categoria. Sua contribuição pavimentou o caminho para o reconhecimento e a valorização das trabalhadoras e trabalhadores domésticos no Brasil, garantindo-lhes direitos básicos e uma maior dignidade profissional.
Em 1988, a Associação Beneficente das Empregadas Domésticas, fundada por Laudelina de Campos Melo, se transformou em Sindicato das Trabalhadoras Domésticas. A partir desse momento, a luta da entidade se intensificou para garantir a observância dos direitos trabalhistas, assim como melhorias nas condições de trabalho e salário para as trabalhadoras domésticas. Esse passo consolidou ainda mais o papel de Laudelina na defesa dos direitos dessa importante categoria, mas historicamente marginalizada.
Vários prêmios e homenagens foram outorgados a Laudelina, refletindo seu impacto na luta pelos direitos das trabalhadoras domésticas:
Em 12 de outubro de 2020, Laudelina de Campos Melo foi homenageada pelo Google com um Doodle especial, em comemoração ao que seria o seu 116º aniversário. Essa foi uma bela forma de reconhecimento global à sua contribuição fundamental na luta pelos direitos trabalhistas das empregadas domésticas, pelos direitos civis das mulheres e pela causa antirracista e celebra sua trajetória de resistência e conquistas.
- Em 1989, foi criada a ONG Casa Laudelina de Campos Melo, com o objetivo de preservar e celebrar sua atuação e militância.
- Em 2005, Laudelina foi homenageada postumamente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com sua adição à Ordem do Mérito do Trabalho no grau de Cavaleira, em reconhecimento a sua contribuição para a melhoria das condições de trabalho no Brasil.
- Em 2015, o documentário Laudelina: Lutas e Conquistas, produzido em parceria pelo Museu da Cidade e o Museu da Imagem e do Som (MIS) de Campinas, celebrou sua vida. O filme contou com a interpretação da atriz Olívia Araújo e incluiu trechos de uma entrevista concedida por ela em 1989, evidenciando sua trajetória de luta e conquistas.
- Em 12 de outubro de 2020, Laudelina de Campos Melo foi homenageada pelo Google com um Doodle especial, em comemoração ao que seria o seu 116º aniversário. Essa foi uma bela forma de reconhecimento global à sua contribuição fundamental na luta pelos direitos trabalhistas das empregadas domésticas, pelos direitos civis das mulheres e pela causa antirracista e celebra sua trajetória de resistência e conquistas.
Homenagem feita pelo Google a Laudelina de Campos Melo no dia em que ela completaria 116 anos
Essas homenagens refletem a importância histórica de Laudelina, que, ao longo de sua vida, dedicou-se incansavelmente à causa das trabalhadoras domésticas, lutando pela justiça social e pelo reconhecimento da dignidade dessas profissionais.
Laudelina faleceu em 1991, aos 86 anos, em Campinas. Ao longo de sua vida, ela deixou um legado significativo para a classe da trabalhadora doméstica, com sua dedicação à luta por melhores condições de trabalho, melhores salários e o reconhecimento de seus direitos essenciais. Ao falecer, Laudelina deixou sua casa para a Associação Profissional Beneficente de Empregadas Domésticas em Campinas, o sindicato que ela ajudou a fundar e que continua a ser uma referência na defesa dos direitos das trabalhadoras domésticas.
Seu exemplo de resistência, militância e conquistas no âmbito dos direitos trabalhistas, feministas e antirracistas é uma herança que permanece viva e merece ser sempre reconhecida, enaltecida e admirada. A homenagem do Google foi uma das muitas formas de celebrar sua contribuição à sociedade, garantindo que a memória de Laudelina continue a inspirar futuras gerações na luta por igualdade, justiça e dignidade.
Referências:
(1) Quem foi Laudelina de Campos Melo, pioneira na luta por direitos de trabalhadores domésticos no Brasil, BBC Brasil; https://www.bbc.com/portuguese/geral-54507024
(2) Laudelina de Campos Melo; Wikipédia
(3) Mulheres negras e trabalho doméstico: uma biografia de Laudelina de Campos Melo; https://cfemea.org.br/index.php/pt/cfemea/apoios?view=article&id=9583:mulheres-negras-e-trabalho-domestico-uma-biografia-de-laudelina-de-campos-melo&catid=566