Carol Greider nasceu em 15 abril 1961, San Diego, California, USA. Seus pais eram professores universitários, o pai físico e a mãe bióloga. Infelizmente, perdeu sua mãe aos sete anos de idade. Inicialmente teve dificuldades na escola devido ao fato de sofrer de dislexia. Por essa razão Carol enfrentou grandes dificuldades na alfabetização. Ela superou um problema neurológico que impede o paciente de associar letras às palavras, fonemas e soletrar.  Venceu essa dificuldade relacionando a imagem gráfica de cada palavra escrita à palavra falada. De grande ajuda para superar esse problema foi o apoio que recebeu de sua professora de Biologia que, inclusive, inspirou seu interesse nessa área da ciência.  

Apesar de seu esforço em superar a dislexia Carol terminou seu curso médio com notas relativamente baixas e teve dificuldade em ser aceita em várias universidades a que se candidatou. Felizmente, depois de muitos exames, foi aceita no curso de Biologia Marinha da Faculdade de estudos Criativos da Universidade da California, Campus de Santa Barbara, onde foi orientada por uma amiga de sua mãe, Beatrice Sweeney, que a aceitou como membro de seu laboratório. Carol se adaptou rapidamente ás atividades de pesquisa nesse laboratório na feliz convivência com sua orientadora e demais colegas. É então que ela consegue bons resultados nas atividades experimentais, cuja avaliação era feita pelos resultados obtidos nos experimentos e não pela avaliação de testes.

Após terminar sua graduação Carol passa um ano na Alemanha para aprender alemão e estagiar em um dos laboratórios do Max Plank Institute for Biophysical Chemistry e decide que deveria fazer pós-graduação. Volta aos EEUU e novamente sua dislexia foi um problema para ser aceita, suas notas eram insuficientes para a maioria dos oito programas de pós-graduação a que se candidatou mas, finalmente, foi aprovada no Caltech (California Institute of Technology) onde foi examinada pessoalmente por uma comissão e teve oportunidade de revelar sua dificuldade em ser bem sucedida nos testes devido à sua dislexia. Foi também aceita pela Universidade da California de Berkeley (Berkeley University of California).

Sua escolha recaiu em Berkeley porque, ao visitar os laboratórios de pesquisa em Biologia dessa Universidade, ela se impressionou muito com a pesquisa que Elizabeth Blackburn realizava no estudo dos telômeros, pesquisas desenvolvidas desde 1978, em conjunto com Joseph Grafton Gall, da Yale University, outro cientista que dedicou grande parte de sua vida ao estudo da estrutura e função dos telômeros. Juntou-se então ao grupo de pesquisa de Blackburn e aí realizou seus estudos sobre a estrutura e função de telômeros que constituíram o tema de sua tese.

Para o leitor poder avaliar a importância dessa escolha é necessário esclarecer o que são os telômeros. Está muito bem estabelecido que o código da vida nos seres vivos do nosso planeta é uma longa molécula denominada DNA (ácido desoxirribonucleico) na qual estão codificadas todas as estruturas moleculares das proteínas. Os genes são segmentos de DNA que contém o código para uma dada proteína. Os cromossomos, partículas de constituição relativamente complexa que se situam no interior das células contém os genes de cada indivíduo, desse modo, são responsáveis pela transmissão das características genéticas dos seres vivos. Seu número é variável e, na célula de cada ser humano, temos 23 pares de cromossomos, sendo um herdado do pai e o outro da mãe. 

Certamente qualquer dano nos cromossomos acarreta problemas na gestação do feto e na manutenção da saúde do indivíduo e, por essa razão, tem que ser protegidos através de mecanismos reparadores biológicos. Tais mecanismos de manutenção da integridade e reparação de danos, eventualmente sofridos pelo cromossomo, são realizados por uma região protetora existente na extremidade de cada cromossomo: os telômeros! A Fig.1 mostra um par de cromossomos com seus telômeros coloridos em verde.

Voltando à contribuição científica de Carol durante seu doutoramento no laboratório de sua orientadora, Elizabeth Blackburn, temos uma resultado fundamental: Carol descobre a presença de uma enzima denominada telomerase cuja função é reparar danos nos telômeros contribuindo assim para a manutenção de sua integridade e correta transmissão das informações essenciais para a gestação de seres da mesma espécie e pela manutenção do bom funcionamento do organismo como um todo. Falhas, que podem ocorrer pela perda de fragmentos dos telômeros, podem ser a causa mais importante do envelhecimento assim como de moléstias degenerativas como tumores, cujas células se reproduzem de forma descontrolada. 

Após conquistar em 1987 o PhD em Biologia Molecular pela Universidade da California, Berkeley, Carol aceitou uma bolsa de pesquisa no importante laboratório americano denominado Cold Spring Harbour Laboratory (CSHL) situado em Long Island, Nova York, que foi fundado em 1890 e onde o estudo do câncer é uma de suas áreas de pesquisa. Durante o período de sua estadia no CSHL Carol encontra Nathaniel Confort, historiador americano especializado em história da biologia, com o qual se casa em 1992 e tem dois filhos. Quando Carol estava grávida de seu primeiro filho ela convenceu CSHL da importância de ter uma creche em suas dependências, o que permitiria que ela, e outras mulheres, dedicassem parte de seu tempo no atendimento de necessidades de seus filhos no próprio local de trabalho.

Em 1997 eles mudam para Baltimore quando Carol foi convidada a trabalhar na Universidade de John Hopkins como professora associada do Departamento de Biologia Molecular e Genética da Faculdade de Medicina John Hopkins e do qual atualmente é diretora.

Finalmente em 2009, 20 anos após sua descoberta da telomerase, ela recebe o prêmio Nobel em fisiologia e medicina juntamente com sua orientadora, Elizabeth Blackburn, e Jack Szostak por seus trabalhos ligados à determinação da estrutura sequencial dos aminoácidos nas proteínas.

Em paralelo com sua carreira científica Carol Greider desenvolveu também atividades para a promoção de mudanças nos laboratórios de forma a torná-los mais atraentes para todos os candidatos, em particular mulheres. Para tanto ela e Jason Skeltzer organizaram um workshop na CSHL com representantes das principais instituições científicas e organizações federais para discutir como aumentar a diversidade na força de trabalho em ciência, tecnologia e matemática. Ela afirma que todos se beneficiam quando problemas são encarados sob diferentes perspectivas, por homens, mulheres ou alguém que luta com deficiências como, por exemplo, dislexia.

Carol Grieder além do Prêmio Nobel recebeu outros prêmios tais como:

Em 2006 Prêmio Wiley de Ciências Biomédicas (em inglêsWiley Prize in Biomedical Sciences)    Elizabeth Blackburn , Carol Greider 

Em 2006 Albert Lasker Award for Basic Medical Research junto com Elizabeth Blackburn e Jack Szostak.

Em 2007 Louisa Gross Horwitz Award com  Elizabeth Blackburn e Joseph G. Gall  

Em 2008 Prêmio Pearl Meister Greengard 

Em 2009 Paul-Ehrlich and Ludwig-Darmstaedter Award Junto com Elizabeth Blackburn .

Em 2009 Nobel Prize in Medicine (2009), junto com Elizabeth Blackburn e Jack Szostak

Por seu notável exemplo de vida, desde a superação de grave disfunção neurológica, constante dedicação à ciência e envolvimento em prol dos direitos das mulheres a exercerem as mais diferentes profissões, Carol Grieder deve ser honrada e festejada como notável exemplo de mulher. 

Referências

https://pt.wikipedia.org/wiki/Telomerase

https://www.nobelprize.org/womenwhochangedscience/stories/carol-greider

https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/fundamentos/gen%C3%A9tica/genes-e-cromossomos#:~:text=Cromossomos%20s%C3%A3o%20estruturas%20dentro%20das,de%20cromossomos%2C%20totalizando%