Rosa Parker

Pioneira dos Direitos Civis nos EEUU

Recusa a ceder seu lugar no ônibus.

Embora o Congresso dos EEUU tivesse ratificado, com a 5a. emenda constitucional em 1870 e o Ato de Direitos Civis em 1875, o direito dos afroamericanos votarem e serem votados e proibido a segregação racial em todos os espaços públicos, exceto quanto às escolas públicas, estas leis só prevaleceram no Sul dos EEUU enquanto tropas do exercito o ocuparam até 1877. A partir dessa data, uma dissidência do Partido Republicano, que se autodenominou “Redentores”, passou a dominar os estados sulinos e reintroduziu, a partir de 1880, leis segregacionistas locais chamadas “Jim Crow”, nome pejorativo dado aos afroamericanos. A partir de 1990 a segregação racial se estabelece firmemente nos estados do Sul com grande restrição do direito de voto e segregação racial nas escolas, igrejas, restaurantes, transporte público. Um fato importante ocorre, então, em 01 de dezembro de 1955 em Montgomery, Alabama, quando Rosa Parker, uma americana afrodescendente, ao fim de um dia de trabalho como costureira em uma fábrica de camisas, recusa-se a ceder seu lugar no ônibus para um passageiro branco, uma vez que a área reservada aos brancos estava lotada. Instada fortemente a fazê-lo pelo motorista branco Rosa Parker fica firme em sua decisão e termina por ser presa pela polícia, julgada e condenada por violação do parágrafo 6, sessão 11, do Código da Cidade de Montgomery e libertada após o pagamento de fiança. Nessa mesma noite E. D. Nixon, chefe da regional da Associação Americana para o Desenvolvimento das Pessoas de Cor, (sigla em inglês NAACP) inicia, em protesto por sua prisão, o plano de boicote dos ônibus por toda a comunidade afroamericana a ser realizado no dia 5 de dezembro 1955, data em que seria realizado o julgamento de Rosa Parker. Mas, depois de cerca de 30 minutos de julgamento, Rosa Parker foi considerada culpada e sentenciada a pagamento de multa de U$10.00 mais U$4.00 de custos da corte. Nesse mesmo dia, um grupo de lideres da comunidade afroamericana reuniu-se na Igreja Monte Sião de Montgomery acreditando que o Caso Rosa Parker era uma excelente oportunidade para ampliar o movimento de direitos civis antissegregacionista. Foi então decidido formar uma nova instituição: a Associação para o Aperfeiçoamento de Montgomery (em inglês Montgomery Improvement Association (MIA)) e elegeram Dr. Martin Luther King, o recém-chegado ministro da Igreja Batista da Av. Dexter da cidade de Montgomery seu presidente.

O povo do Sul dos Estados Unidos viveu até meados do sec. XX sob uma legislação segregacionista extremamente injusta: as leis Jim Crown. Até essa época as populações brancas e negras viviam segregadas praticamente sob todos os aspectos da vida cotidiana educacional, cultural e religiosa e uma das situações mais deprimentes era a dos transportes coletivos onde, devido às leis vigentes, os negros deveriam ocupar os bancos da parte posterior dos ônibus e ceder o seu lugar aos passageiros brancos caso a zona dos brancos estivesse lotada. Além disso, somente poderiam entrar e sair pela porta traseira embora devessem entrar pela porta dianteira para pagar e depois sair e re-entrar pela porta traseira. Quanto ao transporte escolar apenas era provido para as crianças brancas, as crianças de raça negra deveriam ir a pé.

Essa e outras medidas segregacionistas eram cumpridas tendo havido apenas poucos protestos que conduziam regularmente à prisão dos transgressores. Tudo parecia estar correndo “bem”, até que no dia 01 de dezembro de 1955 Rosa Parks, uma mulher casada, de 42 anos, com ancestrais de várias etnias: afro-americanos, índios Cherokee e irlandês-escoces, se recusou a ceder seu lugar a passageiros brancos e por essa razão foi presa. A atitude de Rosa, que já pertencia a movimentos de direitos humanos anti-segregacionistas, foi assim um estopim para ações de protesto entre as quais um boicote pela população negra à companhia de ônibus durante 381 dias. Sua luta pelos direitos humanos, principalmente no que se refere aos direitos dos negros americanos, prosseguiu por muitos anos na companhia de importantes líderes como Martin Luther King e atingiu grandes resultados e as leis segregacionistas foram gradualmente sendo abolidas em todos os estados americanos!

Comentando sua ação, Rosa afirmou a na sua autobiografia “My Story”, que “Muita gente diz que eu não entreguei meu lugar porque eu estava cansada, mas isto não é verdade. Eu não estava fisicamente cansada, ou pelo menos não mais cansada do que usualmente no fim de um dia de trabalho. Eu não era velha, embora muita gente guarde de mim uma imagem como se eu fosse velha naquela época. Eu tinha quarenta e dois anos. Não, a única coisa de que eu  estava realmente cansada era cansada de ceder”. (People always say that I didn’t give up my seat because I was tired, but that isn’t true. I was not tired physically, or no more tired than I usually was at the end of a working day. I was not old, although some people have an image of me as being old then. I was forty-two. No, the only tired I was, was tired of giving in).

O valor de Rosa Parks como cidadã foi reconhecido através de inúmeras honrarias entre as quais podemos citar em 1979 a medalha Spingam, o maior prêmio concedido pela  NAACP (National Association for the Advancemnt of Colored People) e em 1997 a Medalha de Ouro do Congresso, onde se vê a legenda “Mother of the Modern Day Civil Rights Movement”.  Em 1996 ela recebeu do Presidente Bill a Presidential Medal of Freedom, a maior honraria dada pelo poder executivo do EEUU. Seu exemplo deve inspirar o mútuo respeito e  solidariedade entre todos os homens e mulheres, independentemente de suas eventuais diferenças étnicas, econômicas, sociais ou culturais.